Sentada a beira da calçada O vento frio meu rosto corta Olhando sem direção Tudo que me vem à mente é em vão Horas se passam Continuo ali sentada Na memória a lembrança De uma história inacabada Tento realinhar os pensamentos Parece que tudo escorre pelas mãos Feito areia fina Feito ondas que vem e vão. Josiane Szargiki 31/08/09 23:54
A noite de inverno estava fria, uma garoa caía apenas o uivo do vento se ouvia, além dos seus passos e sua respiração ofegante de quem tem muita pressa. Mariana era sozinha no mundo, não tinha ninguém por ela, fazia aquele caminho todas as noites, não tinha medo de perambular sozinha, mas naquele dia algo estava diferente, algo sombrio pairava no ar, talvez fosse pelo clima típico de inverno. Apressou o passo e ao passar em frente do casarão abandonado sentiu um arrepio percorrer sua espinha, aquele lugar lhe causava calafrios, andou mais uns metros à frente e parou pensou ter ouvido um gemido que vinha de dentro do casarão, virou-se e apurou os ouvidos para ter certeza, ouviu novamente, era um gemido muito dolorido, de alguém que realmente estava sofrendo. Mariana ficou sem saber o que fazer, aquele gemido podia ser de alguém machucado precisando de cuidados, mas ficar ali e esperar para saber não lhe agradava, decidiu então buscar ajuda, mas ao tentar correr para procurar socorro não conseguiu sair do lugar, algo a segurava ali e de repente sentiu uma estranha vontade de entrar no casarão. Parou diante do portãoe o empurrou, um ruído alto do portão devido à ferrugem ecoou pelas ruas desertas. Os gemidos aumentavam e Mariana sentia muito medo, mas não conseguia voltar e mesmo amedrontada Mariana seguia em direção a porta, ao subir a escadaria da entrada, a porta se abriu, aquilo a fez gelar dos pés a cabeça. Mariana estava trêmula e não era por causa do frio, era de pavor. Entrou na casa e a porta bateu atrás dela, tudo estava escuro e sombrio o que iluminava o ambiente eram as luzes dos postes da rua que penetravam por entre as frestas das tabuas das paredes e janelas. Os gemidos agora eram mais altos e vinham da parte superior do casarão. Mariana subiu as escadas e a cada passo os degraus rangiam, parecia que tudo ia desabar. Chegando a parte superior, seguiu por um corredor e parou em frente à porta do cômodo de onde vinham os gemidos. Empurrou a porta cuidadosamente e entrou pé ante pé, num canto do quarto, sentada no chão, estava o que parecia ser uma criança, Mariana se aproximou, precisava saber por que aquela criatura estava ali sozinha e se estava machucada ou doente. Resolveu então tocá-la e ao se abaixar sentiu uma forte dor na cabeça, foi ficando tonta, a visão embaralhada, olhou para a criatura e ela sorria com ar de prazer, virou-se e viu uma mulher com um bastão sujo de sangue que provavelmente era o seu, antes de perder os sentidos ainda pode ouvir qual seria seu fim. _Pronto mestre, poderá se alimentar por mais um tempo, essa é nova e a carne é macia. _Da próxima vez mulher, não demore tanto a me trazer alimento, senão serão seus filhos meu jantar, temos um pacto, te dou tudo o que quer e você me sacia. J.S. 29/08/2009
Em nossas vidas
Todos os dias
algo se renova
Basta saber observar
Todos os dias
Em nossas vidas
Passam pessoas e pessoas
Umas deixam marcas
Outras nem se percebem
Já outras
Passam e fazem uma revolução
Devastam tudo
Mudam a vida da gente
Deixando de cabeça pra baixo
E têm outras
Que chegam sem avisar
E saem da mesma forma
Mas todas elas
Não passam por acaso
Estão nas nossas vidas
Para nos ensinar algo
Todas são importantes
Todas vêm para acrescentar
Nunca tirar!
Josiane Szargiki 20/03/06
A solidão minh'alma invade Sinto-me vazia Passaste como um furacão Tão rápido chegou E do mesmo jeito se foi Deixou-me aqui Sem saber o que pensar Sem saber o que fazer Que te fiz de mal Se comigo nada querias Disseste Não me enganarias Fez-me juras Mil promessas Mas o que me deixaste? Apenas meia dúzia de palavras E nada mais... Agora aqui estou Abandonada, Sinto tua falta Falta de tuas palavras Do teu beijo Do teu calor E agora nada mais me resta Estou com a rima perdida!
A brisa da noite Bate em minha janela Reconheço É o seu perfume que exala Não sei de onde vem... Entra em meu quarto Me embriaga Entorpece Procuro-te, não te acho Mas sinto tua presença Meu corpo se aquece Treme Umedece Deslizo os dedos Sobre meu corpo Imagino-te dentro de mim Sua boca molhada Tocando a minha Nosso suor se misturando Tudo ilusão... Mas viajo nesse mundo particular Onde tu tens o papel principal Mergulho no meu prazer Por alguns instantes Nem que seja só em minha mente Você é só meu! Josiane Szargiki 11/03/06 19:19h
Que fiz de tão errado
Pra sofrer assim
Ter você
Tão longe de mim
A cada dia te espero
Na mesma hora marcada
Se você se atrasa
Fico desolada
Você chegou de mansinho
Invadiu meu mundo
Pensei que era só de brincadeira
Mas foi mais profundo
Já não sei ficar sem você
A cada dia uma tortura
Espero pelo momento
De sentir a tua doçura
Você entrou na minha vida
Encheu de luz meu caminho
Apaixonei-me
Agora estou perdida
O que é o destino
Tinha que ser pela net
Pra encontrar você
Meu doce menino!
Josiane Szargiki 06/04/06 00:50h
....Ouço o barulho das águas...
Sinto a brisa tocando meu rosto,
Deixo me envolver pelo silêncio...
Me embalo com a melodia dos pássaros.
Pelo cheiro da mata verde...
Os raios de sol que penetram por entre as árvores.
E a energia que irradia de minh'alma...
Me sinto como a primavera,
Floresço a cada dia...
Sinto o sabor da fruta madura,
Do vinho encorpado,
A suavidade do chocolate que derrete na boca...
Sinto o movimento do corpo...
Sinto o toque suave da pele, a música dos corpos...
Que invade meu ser
Que me transporta para outra dimensão,
Um mundo sem fronteiras,
Mundo de cores e sons...
Danço...
Me sinto leve,
Como a leveza de uma pluma...
Flutuo por entre as flores,
Sinto o perfume do teu corpo,
O toque dos dedos na pele,
o som da respiração,
O gosto da tua boca...
Te observo..
Sinto a essência do teu ser
Sinto o movimento,
E saboreio cada momento!
Josiane Szargiki 03/04/06 20:30h
José era como um dos poucos jovens que optavam por permanecer na cidade. Muito tímido e pobre, contentava-se com aquela vidinha simples que levava desde criança. Sem grandes ambições, trabalhava na lavoura de sol a sol e nos fins de semana, quando recebia o pagamento ia se distrair no bordel, lá ele se soltava, tomava uns goles da vagabunda cachaça servida em copos mal lavados, recebia carinho das garotas que alí trabalhavam e assim se sentia mais homem, era a única maneira de deixar a timidez de lado.
Em um fim de tarde, José encontrava-se sentado á porta de um boteco sujo com seus companheiros , quando um pequeno caminhão carregado de caixas ,que ele deduziu que fosse uma mudança, para em frente a antiga casa da rua B, todos ficaram olhando para ver quem era o mais novo habitante daquele fim de mundo e ainda mais naquele velho sobrado que tinha fama de mal assombrado que a muitos anos não era habitado por ninguém, a não ser pelos ratos, baratas e morcegos. José ficou imaginando quem em sã consciência moraria num lugar como aquele, numa cidade onde nada de interessante acontecia. Logo atrás do caminhão, poucos minutos depois para um carro e dele salta uma jovem mulher de trinta e poucos anos, séria, uma mulher que de longe via-se que era de fino trato, muito elegante, olhos claros misteriosos, corpo esguio, boca carnuda tingida de um batom vermelho que lhe favorecia e contrastava com sua pele alva. A imagem daquela mulher fez a cidade parar, os homens boquiabertos admiravam sua beleza, já as mulheres cochichavam umas com as outras e a olhavam com ar de reprovação, mas José a olhou com outros olhos, foi amor a primeira vista.
Os dias se passavam e José não conseguia tirar a imagem daquela mulher da cabeça, foi amor a primeira vista, a paixão pela mulher misteriosa só aumentava, assim como a curiosidade dos habitantes pela moça que nem o nome sabiam, quanto mais de onde vinha e o que fazia ali.
A mulher misteriosa não saia de casa durante o dia, não falava com vizinhos e nem recebia visitas em sua casa. Ninguém a via fazendo compras, indo a farmácia ou varrendo a frente da casa, as janelas e portas do velho sobrado não eram abertas, sabia-se que ainda morava ali porque as vezes ao entardecer, via-se um vulto a espreita num canto da janela do alto da casa. Era muito estranho como alguém que chegara já algum tempo ainda não estivesse desprovida de suas necessidades básicas, isso só aumentavam os fuxicos de porta de botecos e beira de portões.
A clausura da bela mulher fazia com que José se indagasse por várias vezes quem era ela e o que viera fazer ali.
Certa noite, José estava sentado em frente a sua casa, era uma noite de lua cheia, já se passava das dez da noite e embora estivesse uma noite agradável, havia uma forte neblina que vinha do lago e que cobria toda a cidade, fazendo com que ficasse ainda mais vazia. Sozinho e pensativo, olhava para a casa da sua bela misteriosa quando percebe um vulto saindo do portão do velho sobrado, José resolve ir atras. O vulto da mulher seguia apressadamente pelas ruas vazias , onde só se ouvia o barulho do salto do sapato dela. Por diversas vezes ela olha para tras como que para ter certeza que ele ainda o seguia.
Chegando ao lago, a bela misteriosa para e José se aproxima e com receio toca-lhe o ombro, ela se vira e com uma voz doce dirige-se a ele:
_ Sabia que viria!
Ele muito tímido e com a voz tremula tenta desengasgar as palavras:
_Então queria que eu a seguisse?
_Sim, esperei por esta noite e sei que você também.
_ Posso ao menos saber seu nome?
_Meu nome é Sophy e o seu é José.
José encantado com tanta beleza e doçura, nem percebe a armadilha em que se meteu. Sophy olha dentro dos olhos do rapaz hipinotizado e o beija sedutoramente e ele se entrega. Os dois fazem amor ali mesmo, Sophy insaciável, com movimentos frenéticos faz com que o rapaz chegue a um orgasmo nunca antes sentido. Ela ainda por cima dele olha em seus olhos, se aproxima de seu ouvido e lhe sussurra:
_Te satisfiz?
José exausto, responde feliz com um sorriso jocozo nos lábios:
_Sim, muito, como nunca ninguém o fez.
_Mas eu ainda não, ainda tenho fome e sede.
Neste momento José percebe que o olhar doce de Sophy se transforma e em minutos ela sacia sua fome e sede, estraçalhando o corpo do pobre rapaz numa voracidade descomunal, não lhe dando a menor chance de defeza.
No dia seguinte a pacata cidade amanhece alvoroçada, um crime barbaro havia acontecido no lago, eram os restos do corpo de José estraçalhado, um crime que parecia ter sido cometido por um animal selvagem e feroz. Durante dias foram feitas investigações, mas nada conseguiram descobrir, nem pistas, nem testemunhas e muito menos suspeitos, sendo assim o caso fora arquivado e Sophy ficou livre para atacar mais um tímido rapaz na próxima lua cheia.
J.S.
Não sei quem é você
Nem de onde vem
Não sei como é teu rosto
Ou que fisionomia tem
Nunca ouvi sua voz
Não sei se é de um anjo
Ou se é de um algoz
Flutuo em suas palavras
Viajo num mundo
Criado por nós
Proporcionas-me
Sensações jamais sentidas
Não sei se o que falas
É o que sentes
Ou pura ilusão
Só sei de uma coisa
Atingem o fundo do coração
Mas pouco importa
Saber tudo isso
Entrou em minha vida
Sem se quer bater à porta.
Josiane Szargiki 18/03/06
Sinto a ausência da vida
Só os dias se seguem
Entro por um caminho só de ida
Os fantasmas me perseguem
Nada que ficou me afeta
Estou imune
Sinto-me ausente
Da vida nada me resta
Tenho lembranças
Uma vida feliz
Sorriso nos lábios
Inocência de criança
Já adolescente
Malícia se instala
Tudo é descoberta
Às vezes pura, às vezes indecente
Na juventude
A responsabilidade dos atos
Feito sem pensar
Mas com muita atitude
E agora como adulto
O que resta
Vaga lembrança
Somente um vulto.
Josiane Szargiki 18/05/06 20:55
Noite fria, silêncio no ar
Estou só
Em nada penso neste momento
Estou inerte
O corpo não responde
O vento bate a janela
Lá fora o piar das corujas
Sinto-a se aproximando
Não tenho forças para reagir
Em seus olhos nada vejo
Só a frieza de sentimentos
Ela me toca
Estende-me a mão
Fria, sombria
Conduz-me as trevas
Não quero ir
Impossível relutar
Agora me entrego
Sinto rasgar meu corpo
Como navalha na carne
Cortante, cruel
Ela me conduz
Não há volta
É tarde demais
Tudo ficou para trás
A morte venceu
E meu corpo morto
Aqui jaz!
Josiane Szargiki 23/05/06 21:20h