A noite de inverno estava fria, uma garoa caía apenas o uivo do vento se ouvia, além dos seus passos e sua respiração ofegante de quem tem muita pressa.


Mariana era sozinha no mundo, não tinha ninguém por ela, fazia aquele caminho todas as noites, não tinha medo de perambular sozinha, mas naquele dia algo estava diferente, algo sombrio pairava no ar, talvez fosse pelo clima típico de inverno. Apressou o passo e ao passar em frente do casarão abandonado sentiu um arrepio percorrer sua espinha, aquele lugar lhe causava calafrios, andou mais uns metros à frente e parou pensou ter ouvido um gemido que vinha de dentro do casarão, virou-se e apurou os ouvidos para ter certeza, ouviu novamente, era um gemido muito dolorido, de alguém que realmente estava sofrendo.


Mariana ficou sem saber o que fazer, aquele gemido podia ser de alguém machucado precisando de cuidados, mas ficar ali e esperar para saber não lhe agradava, decidiu então buscar ajuda, mas ao tentar correr para procurar socorro não conseguiu sair do lugar, algo a segurava ali e de repente sentiu uma estranha vontade de entrar no casarão.


Parou diante do portãoe o empurrou, um ruído alto do portão devido à ferrugem ecoou pelas ruas desertas. Os gemidos aumentavam e Mariana sentia muito medo, mas não conseguia voltar e mesmo amedrontada Mariana seguia em direção a porta, ao subir a escadaria da entrada, a porta se abriu, aquilo a fez gelar dos pés a cabeça. Mariana estava trêmula e não era por causa do frio, era de pavor.


Entrou na casa e a porta bateu atrás dela, tudo estava escuro e sombrio o que iluminava o ambiente eram as luzes dos postes da rua que penetravam por entre as frestas das tabuas das paredes e janelas. Os gemidos agora eram mais altos e vinham da parte superior do casarão.


Mariana subiu as escadas e a cada passo os degraus rangiam, parecia que tudo ia desabar. Chegando a parte superior, seguiu por um corredor e parou em frente à porta do cômodo de onde vinham os gemidos. Empurrou a porta cuidadosamente e entrou pé ante pé, num canto do quarto, sentada no chão, estava o que parecia ser uma criança, Mariana se aproximou, precisava saber por que aquela criatura estava ali sozinha e se estava machucada ou doente. Resolveu então tocá-la e ao se abaixar sentiu uma forte dor na cabeça, foi ficando tonta, a visão embaralhada, olhou para a criatura e ela sorria com ar de prazer, virou-se e viu uma mulher com um bastão sujo de sangue que provavelmente era o seu, antes de perder os sentidos ainda pode ouvir qual seria seu fim.


_Pronto mestre, poderá se alimentar por mais um tempo, essa é nova e a carne é macia.

_Da próxima vez mulher, não demore tanto a me trazer alimento, senão serão seus filhos meu jantar, temos um pacto, te dou tudo o que quer e você me sacia.


J.S.

29/08/2009